Em seguida, deu-se início à leitura do subcapítulo "O Derramamento de Sangue e Lágrimas: entretanto, o Papa decidira que os índios tinham alma".
Da leitura da obra, através da dinâmica das rodas de leitura, emergiram, os seguintes pontos:
- o relato de que as mães dos indígenas matavam seus filhos para que eles escapassem aos tormentos das minas
- no sistema mercantilista capitalista que se intensificava, a transformação do índio, escravo, em proletariado externo - no caso dos negros subtraídos da África, identicamente, a mesma coisa, com o perdão da redundância: proletários externos
- a escravidão greco-romana ressuscitada no "Novo Mundo"
- o genocídio nativa:
"[...] as mais bem fundadas e recentes investigações atribuem ao México pré-colombiano uma população que oscila entre os 30 e 37,5 milhões de habitantes. Calcula-se uma quantidade idêntica de índios na região andina, a América Central contava com 10 ou 13 milhões de habitantes. Os índios das Américas somavam entre 70 e 90 milhões de pessoas, quando os conquistadores estrangeiros apareceram no horizonte; um século e meio depois tinham-se reduzido, no total, a apenas 3,5 milhões.". (GALEANO, Eduardo. As Veias Abertas da América Latina. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007, p. 28 (informação que, no livro citado, é complementada por uma nota de rodapé que remete às obras de: Darcy Ribeiro, Henry Farmer Dobyns e Paul Thompson))
- as condições de trabalho nas minas: o caso de intoxicação por mercúrio
- as Leis da época, que decretavam a igualdade de direitos entre índios e espanhóis, como "letra morta"
- Juan Ginés de Sepúlveda, que legitimava o tratamento dados aos índios visto serem eles, segundo ele, inferiores
- o conde de Buffon (Georges-Louis Leclerc) e sua tese de que não se verificava, nos índios, "nenhuma atividade da alma"
- o depoimento e as ideias de tantos outros "pensadores", que defenderam ou se recusaram a reconhecerem os índios como seres humanos:
"O abade De Paw inventava uma América onde os índios degenerados eram como cachorros que não sabiam latir, vacas incomestíveis e camelos impotentes. A América de Voltaire, habitada por índios preguiçosos e estúpidos, tinha porcos com umbigos nas costas e leões carecas e covardes. Bacon, De Maistre, Montesquieu, Hume e Bodin negaram-se a reconhecer como semelhantes os “homens degradados” no Novo Mundo. Hegel falou da impotência física e espiritual da América e disse que os índios tinham perecido ao sopro da Europa" (GALEANO, Eduardo. As Veias Abertas da América Latina. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007, p. 30)