sexta-feira, 6 de abril de 2018

Oitava aula!

Utilizando-se das noções (re)construídas na aula passada, e, retomando a mesma, o professor explicou que não é o fato de termos sido colonizados pelos portugueses e pelos espanhóis que torna os países latino-americanos pobres. Relativamente a isso, o professor explicou que há inúmeros países que foram colonizados por franceses, belgas, alemães e ingleses, por exemplo, e que são pobres também. 

Neste ponto, o professor lembrou a fala de um dos alunos que externou a opinião de que a "culpa da pobreza dos países da América Latina é deles próprios, que não 'cuidam' bem de suas riquezas", e, quanto a isso, lembrou a resposta de George Soros à Hebe de Bonafini, uma das líderes das Mães da Praça de Maio, em 2001, quando de um "debate" através de uma teleconferência via satélite entre o Fórum Social Mundial (que naquele ano fora realizado em Porto Alegre) e o Fórum Econômico Mundial (realizado em Davos). Na ocasião, Soros disse, com mais ou menos estas mesmas mesmas palavras,  que: "a culpa da pobreza da América Latina é dos próprios países e seus governantes".

Um dos aspectos do daquele debate pode ser assistido no vídeo abaixo: 



Após esta exposição, o professor problematizou as noções apresentadas, aproveitando para apontar o que elas têm de correto, bem como, o que elas tem de equívoco.

Feito isso, o professor prosseguiu com aula expositiva dialogada sobre os aspectos que encerram o processo de colonização por exploração. Para tanto, o professor utilizou-se do seguinte pensamento de Eduardo Galeano (1940-2004), a saber:

"A ruína da América Latina foi o fato de ela ter nascido importante"

Para estudar mais e ir além, sobre o que está colocado imediatamente acima, de maneira negativa (ou invertida), é interessante ler a seguinte passagem retirada do livro "As Veias Abertas da América Latina":

"A importância de não nascer importante
As 13 colônias do Norte tiveram; pode-se bem dizer; a dita da desgraça. Sua experiência histórica mostrou a tremenda importância de não nascer importante. Porque no norte da América não tinha ouro; nem prata; nem civilizações indígenas com densas concentrações de população já organizada para o trabalho; nem solos tropicais de fertilidade fabulosa na faixa costeira que os peregrinos ingleses colonizaram. A natureza tinha-se mostrado avara; e também a história: faltavam metais e mão-de-obra escrava para arrancar metais do ventre da terra. Foi uma sorte. No resto; desde Maryland até Nova Escócia; passando pela Nova Inglaterra; as colônias do Norte produziam; em virtude do clima e pelas características dos solos; exatamente o mesmo que a agricultura britânica; ou seja; não ofereciam à metrópole uma produção complementar. Muito diferente era a situação das Antilhas e das colônias ibéricas de terra firme. Das terras tropicais brotavam o açúcar; o algodão; o anil; a terebintina; uma pequena ilha do Caribe era mais importante para a Inglaterra; do ponto de vista econômico; do que as 13 colônias matrizes dos Estados Unidos.
Essas circunstâncias explicam a ascensão e a consolidação dos Estados Unidos como um sistema economicamente autônomo; que não drenava para fora a riqueza gerada em seu seio. Eram muito frouxos os laços que atavam a colônia à metrópole; em Barbados ou Jamaica; em compensação; só se reinvestiam os capitais indispensáveis para repor os escravos na medida em que se iam gastando. Não foram fatores raciais; como se vê; os que decidiram o desenvolvimento de uns e o subdesenvolvimento de outros; as ilhas britânicas das Anti­lhas não tinham nada de espanholas nem portuguesas. A verdade é que a insignificância econômica· das 13 colônias permitiu a precoce diversificação de suas manufaturas. A industrialização norte-ame­ricana contou; desde antes da independência; com estímulos e proteções oficiais. A Inglaterra mostra­va-se tolerante; ao mesmo tempo que proibia estritamente que suas ilhas antilhanas fabricassem até mesmo um alfinete."
(GALEANO, Eduardo. As veias abertas da América Latina. Rio de Janei ro: Paz e Terra, 1986. p. 146.) 

Para encerrar a aula, o professor comentou a respeito das diferentes posições teológicas adotadas por católicos (portugueses e espanhóis (América Latina)) e protestantes (ingleses (América Anglo-Saxã)); os primeiros e sua pobreza que "ganha o céu"; os segundos, com sua riqueza como "bênção"

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